terça-feira, dezembro 23, 2008

Não há comoção. Morram pessoas, sejam torturadas, ninguém se importa. Não se importam com o sofrimento alheio, nem com o próprio. Nem sabem que sofrem.

As pessoas não sentem mais- ou nunca sentiram- dor quando um semelhante sofre. Somos todos irmãos. Todos iguais. Todos aprendemos isso mas porque só alguns dão ouvidos?

Me divido por fim entre repudiar essa raça humana que destrói e se auto-destrói a cada instante, num exercício de insensibilidade obstinada, talvez achem que é tudo uma brincadeira. Talvez não tenham consciência de que é real. Porque aquela caixinha preta torna tudo tão pequeno e distante. Aonde fica mesmo aquele país?...

Ou ter compaixão e misericórdia, rogar a quem possa salvá-los e torná-los conscientes de sua condição miserável, torná-los conscientes também do seu poder de mudar as coisas, da sua força transformadora.

Fico com o Horror. Transtornada, Abestalhada, desiludida. A quem rogar?O único sentimento que resta é o da impotência e da infinita pequenitude do meu ser, que nada pode fazer para ser ouvido. Mais: nada pode fazer para ser compreendido. Não pelos que quero atingir. Estes se fecham, se recusam a ao menos tentar apreender uma realidade nova. Talvez porque já estejam muito acomodados, e achem bom; Talvez porque têm consciência de que são maus, e achem bom.

Todo aquele que não consegue se por no lugar do outro, aquele que sofre de miséria, de doença, de tragédia; todo aquele que procura o seu bem acima dos outros, não se preocupa em ajudar ao próximo, não procura ao menos saber que quando se come milhares passam fome, e é por ter a sua mesa o filé de cada dia é que a milhares faltam o feijão; e é por ter o seu casaco jeans que a milhares falta o cobertor nas noites geladas, e é por ter o seu refrigerante que a milhares falta água, e é por ter o seu carro, que muitos sofrem com as aberrações da natureza. Não percebem que o que tiram a mais para si faz falta a milhões: não acredito serem humanos. O que corre em suas veias???Não mais o sangue puro, mas sim o sangue contaminado das substâncias que ingerimos nos alimentos, absorvemos na pele, respiramos no ar. O que há em suas almas não é mais o amor espiritual, e sim ondas magnéticas adulteradas emitidas pelas tvs, pelos rádios, pelos computadores. O mundo produziu montros, eles que vivem entre nós.

Não é isso. Porque tem sido assim desde sempre, desde o início. A verdade é que a raça é burra, e não bastou-lhe as inúmeras experiências aterradoras nesses milhões de anos de raça humana para mostrar que agimos errado. Não bastaram as mortes, as guerras da história em busca de dinheiro e poder, os relatos de ruína das civilizações. Nem o retorno furioso da natureza bastou para que se refreasse o terrível instinto destrutivo da raça humana, pois estes raramente atingem os principais causadores da tragédia civilizatória.

Não merecemos este mundo. Não merecemos toda essa natureza rica e abundante que nos foi oferecida, não merecemos as substâncias vitais puras encontradas na natureza, ao nosso bel prazer. Não merecemos sequer as belas paisagens a serem admiradas por esses olhos mesquinhos e egoístas.

A verdade é que todos somos monstros, e gostamos.

Não temos salvação. Não neste mundo, não nesta vida. Todos condenados. E quero mais é que queimem sim no fogo do inferno, tomara deus que este exista... A Humanidade terá o destino que merece: Verá seus filhos e netos derrotados pelas forças universais, os verão morrer e sofrer impiedosamente frente a falta de tudo que foste oferecido aos seus antepassados, estes que erraram cegamente até o final, que negaram inutilmente os sinais que lhes eram dados. Todos sucumbirão. E que a Terra, renovada, faça das suas cinzas um novo reino de abundância e diversidade, em pleno equilíbrio eterno.